ISO, obturador e diafragma. Como usar?

Entenda o que significa cada um deles e como extrair ao máximo da sua câmera

Fotografar é algo incrível e sabemos disso! A fotografia funciona como ferramenta de comunicação e expressão, ajuda a recordar momentos que passamos na nossa vida e algumas fotografias são verdadeiras obras de arte.

Com o grande desenvolvimento desenfreado da tecnologia, cada vez mais se torna acessível ter uma câmera de qualidade, inclusive o seu smartphone com certeza te possibilita tirar fotos em grande resolução e vídeos em 4K.

Mas se meu celular já possui toda essa qualidade, por qual razão eu compraria uma câmera ou lente que pode chegar ao preço de uma moto?

Bem, a resposta é simples. Apesar de toda a qualidade que os smartphones indiscutivelmente tem, eles possuem uma restrição nas ferramentas que uma câmera entrega, permitindo que você tenha controle total da foto.

Essas ferramentas são diversas e dependendo da câmera, você terá mais opções que irão agregar no seu trabalho e resultar num resultado melhor, ou em mais agilidade.

Não irei enumerar todas essas ferramentas, mas iremos abordar as 3 principais: Obturador, diafragma e ISO.

Como funciona uma câmera fotográfica

Antes de entrarmos individualmente em cada um deles e entender como trabalhar com essas 3 ferramentas, precisamos saber o princípio da fotografia e descobrir como ela funciona.

A câmera fotográfica é basicamente uma câmara escura, totalmente protegida da iluminação, com apenas um pequeno buraco. Por esse buraquinho, a luz entrará e exatamente do outro lado teremos um sensor (ou o filme, nas câmeras antigas). Nele, a imagem será refletida, como em um espelho.

Certo, aprendendo esse princípio, conseguimos entender como cada uma das 3 ferramentas funcionam, qual sua importância e como manipulá-las.

Obturador

Partimos do pressuposto que a luz é o ponto mais importante da fotografia, por isso é essencial controlar por quanto tempo ela estará entrando na nossa câmera. 

O obturador é a peça da câmera que é responsável por isso. Ele é controlado por uma velocidade definida por fração de segundos que, ao disparar a foto, é o tempo em que ele abrirá e deixará o sensor exposto a luz.

Exemplo: Se a velocidade da câmera está definida em 1/2, o obturador ficará aberto por meio segundo (na fotografia, isso é MUITO tempo). Se a velocidade estiver definida com 1/200, o obturador ficará aberto por “um duzentos avos de segundo”.

Entendendo isso, conseguimos saber que, quanto mais tempo o obturador ficar aberto, mais luz nosso sensor estará recebendo e deixando a foto mais clara (e vice-versa).

Mas mais importante do que a claridade, é saber que com uma velocidade muito rápida, temos o efeito “congelamento” e com uma velocidade lenta, temos um efeito de “movimento”. A foto abaixo consegue ilustrar melhor isso:

Foto 1 de Oliver Sjöström e foto 2 de Jeremy Mosley, ambas foram baixadas do site Pexels

https://www.pexels.com/@jeremy-mosley-1347619/
https://www.pexels.com/@ollivves/

Foto 1 de Oliver Sjöström e foto 2 de Jeremy Mosley, ambas foram baixadas do site Pexels

https://www.pexels.com/@jeremy-mosley-1347619/
https://www.pexels.com/@ollivves/

Na primeira foto temos uma velocidade alta, gerando um curto tempo de exposição, com isso conseguimos ter o efeito “congelamento”, onde vemos direitinho cada gota d’água.

Já na segunda foto temos o contrário. Uma velocidade baixa, gerando uma longa exposição, desse modo capturamos o movimento da água.

Sabendo controlar o tempo de exposição, conseguimos traçar o objetivo da nossa foto e conseguir resultados melhores.

Alguns exemplos de fotos com velocidade rápida do obturador (congelamento):

Foto 1: Musa Ortaç https://www.pexels.com/@musaortac/ | Foto 2: Kiran M https://www.pexels.com/@kiran-m-8807153/ |
Foto 3: Pixabay https://www.pexels.com/@pixabay/

Alguns exemplos de fotos com velocidade baixa do obturador (longa exposição):

Rua: Karol D https://www.pexels.com/@karoldach/ | Ceu: Egil Sjøholt https://www.pexels.com/@egos68/ | Cachoeira: Pixabay https://www.pexels.com/@pixabay/

Importante ressaltar que em velocidade muito baixa poderão fazer sua foto sair tremida. Aproximadamente a partir de 1/50 começa a ficar muito difícil de fazer a longa exposição “na mão”, portanto use um tripé. Isso vai de cada pessoa, alguns tremem mais, outros tremem menos (eu por exemplo, já começo encontrar dificuldade em 1/80).

Diafragma

Se o obturador controla por quanto tempo a luz entra na câmera, o diafragma controla a quantidade de luz.

O diafragma é definido na lente e não na câmera e é usado pela escala F/Stop e quanto maior o número, menor a quantidade de luz que entrará na câmera.

Por exemplo:
f/22 = menos luz
f/4.5 = mais luz

A imagem acima irá te ajudar a entender como funciona. Na primeira foto temos a abertura em f/16 (bem fechada), já na foto do meio em f/5.6 (mais aberta) e a última em f/1.4 (bem aberta).

Mas o que isso interfere?

Aqui temos que observar dois pontos que a abertura do diafragma afetam:

1) quanto mais aberto: mais claro e menos nítido
2) quanto mais fechado: mais escuro e mais nítido

Como nós podemos controlar a claridade da foto através do obturador, vamos focar na nitidez.

Com um diafragma fechado temos uma maior nitidez da foto, conseguindo focar em diversos pontos. Isso nos permite ter uma profundidade de campo maior.

Henri Cartier-Bresson

Nessa famosa foto do Henri Cartier-Bresson conseguimos exemplificar melhor.

Aqui temos uma abertura mais fechada, com isso conseguimos ter uma nitidez muito grande e focar tanto nas pessoas, como no monumento e até nas árvores do fundo.

Já a abertura maior faz com que você defina um ponto de foco e o restante ficará desfocado.

Foto de Maria Teneva https://unsplash.com/@miteneva

A definição da abertura do diafragma na lente é um dos pontos mais importantes, pois não existe pós-produção e Photoshop que corrigirá caso você não use a configuração ideal.

ISO

Chegamos no ISO, que poderá ser seu melhor amigo ou seu pior inimigo! Mas calma, não precisa ter medo dele.

Toda câmera possui um sensor, que é o responsável por receber a luz e fazer a fotografia. O ISO é a “sensibilidade” do sensor. 

Na câmera ele será um número que começa do 100 e vai até onde a câmera aguentar. Existem câmeras mais simples que chegam a 6.400 e outras mais robustas que chegam a mais de 100.000 (sim, cem mil!).

Essa sensibilidade irá controlar exclusivamente a claridade da foto. Quanto menor o ISO, mais escuro e quanto maior, mais claro.

E por que eu devo me preocupar com o ISO, se eu posso controlar a luminosidade pelo obturador e pelo diafragma?

Porque como eu disse anteriormente, o ISO controla exclusivamente a claridade da foto. Diferente do obturador que irá definir se na sua foto haverá “movimento” ou estará “congelada” e o diafragma definirá a profundidade de campo.

Por exemplo: Você quer um efeito de congelamento de uma gota d’água. Com isso a velocidade do obturador deverá ser muito rápida, algo em torno de 1/500 talvez. Isso é muito rápido e provavelmente sua foto ficará escura, portanto devemos aumentar o ISO.

Já na foto da cachoeira, que queremos aquele “véu de noiva” na água, precisamos de uma velocidade baixa, mas se entrar muita luz, a foto pode estourar e ficar muito branca. Nesse caso, diminuímos o ISO.

MAS TOME MUITO CUIDADO COM O ISO!!

Sim! Em caixa alta e bold, pois essa informação agora é muito importante, principalmente para fotos de noite ou em ambientes escuros.

O ISO trás uma granulação na foto, portanto quanto maior, mais ruídos você encontrará. Deixe o ISO o mais baixo possível (a não ser que você queira granulados, aí nesse caso, pode aumentar).

Abaixo um exemplo de uma mesma foto com e sem ruído deixado pelo ISO.

É importante ressaltar que a quantidade de ruído da sua foto dependerá da sua câmera (e consequentemente, da qualidade do seu sensor).

Isso quer dizer que uma foto com ISO 1600 em uma câmera tenha muito ruído e em outras não tenha nada. Para saber até onde você consegue subir o ISO da sua câmera tem apenas um jeito: tentativa e erro!

Faça vários testes e veja a quantidade de granulado que sua foto terá em cada configuração.

Como trabalhar os três ao mesmo tempo

Aprendemos como cada elemento funciona individualmente, agora vamos entender como trabalhar com eles ao mesmo tempo!

É importante antes de tudo saber qual o seu objetivo com a foto e como você quer que ela saia, então responda para si mesmo as seguintes perguntas:

  • Eu quero congelar o momento ou quero movimento na minha foto?
  • Eu quero uma profundidade de campo grande ou quero um ponto de foco?
  • Estou fotografando na rua ou em um ambiente fechado?
  • Se estiver em um ambiente fechado, eu tenho controle sobre a iluminação? (um estúdio por exemplo)

Entendendo esses pontos, você irá configurar cada elemento antes de fazer a fotografia e equilibrá-los, para que tenha a quantidade de luz ideal não deixando ela estourada pro branco ou escura demais.

Eu sei que num primeiro momento parece difícil, mas com o tempo e a prática, isso se tornará automático e você irá fazer isso facilmente.

A dica que eu dou é seguir a seguinte sequência:

  1. Começar pelo diafragma, pois ele será o campo de profundidade da foto e o ponto mais importante a se pensar;
  2. Em sequência, configurar o obturador, para definir se haverá movimentação ou não e para controlar a quantidade de luz que entrará
  3. Por último ir para o ISO, pois após configurar as duas etapas anteriores, você saberá se no seu setup estará com pouca luz (então você compensa aumentando o ISO) ou se estará estourando.

Só isso basta?

Só isso basta para você entender a teoria da base da fotografia, mas para tirar fotos, claro que não.

Além desses três, existem outros diversos elementos que devemos pensar na fotografia, como o balanço de branco, por exemplo (falaremos dele mais pra frente), mas sabendo manipular o obturador, diafragma e o ISO é o suficiente para você poder dar o pontapé inicial e sair fotografando, mas lembre-se que o mais importante é a prática.

Um grande videomaker que eu acompanho muito (e aprendo muito também) é o Lucas PKTA do Casal REC, que sempre diz:

“Saber e não fazer, ainda é não saber”

Lucas PKTA

Portanto, bora fotografar! Testar todos os modos, descobrir longas exposições, aprender a usar os campos de profundidade e tomar cuidado com o ISO!

Todas as fotos foram baixadas do site Pexels e Unsplash. O nome do fotógrafo e o link dele estão na legenda de cada imagem.

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